Unir forças para incentivar o setor e pensar alternativas
Pelo menos 30 cidades históricas mineiras decidiram não realizar o Carnaval em 2022. E a decisão parece acertada, por mais que muitos de nós sintam falta de uma boa folia. A verdade é que, mesmo com o avanço da vacinação – o Brasil tem mais de 65% da população completamente imunizada –, ainda há muita incerteza sobre os impactos da variante ômicron, aparentemente mais transmissível do que as cepas anteriores do coronavírus. O Reino Unido, por exemplo, registrou recentemente um número recorde de novos casos de Covid-19.
No nosso país, na avaliação de muitos gestores municipais e de especialistas, não é o momento para aglomeração e não se pode botar a perder todo o esforço feito até aqui no combate a essa pandemia que já vitimou mais de 617 mil brasileiros. A decisão para que não se realizem as festas é uma medida de precaução e que pode não só salvar vidas como tirar a pressão sobre o sistema de saúde – e são os municípios que mais sentem o problema na ponta.
Esse será o segundo ano sem o Carnaval tradicional em muitas dessas cidades. Mas isso não significa que elas devam estar fechadas aos turistas, como bem ressaltou a Associação das Cidades Históricas. Fonte importante de renda para esses municípios, o turismo foi duramente afetado pela pandemia, mas começa a dar sinais de recuperação.
O setor vem mostrando que, seguindo protocolos de segurança, como uso de máscaras, distanciamento social e com o pedido de comprovante de vacinação, é possível proporcionar passeios seguros e momentos memoráveis.
O turismo nas cidades mineiras vai muito além das festas no Carnaval. Essas localidades possuem inúmeras belezas naturais, arquitetônicas e históricas que encantam turistas daqui e de fora há décadas – isso sem falar na gastronomia, uma marca de Minas Gerais. O ecoturismo, por exemplo, é uma ótima alternativa de passeio e deve ser incentivada, por ser uma atividade ao ar livre e que proporciona saúde não só física como mental. E não faltam a Minas montanhas, rios, cachoeiras e belas paisagens.
Considerado um dos dez destinos mais acolhedores do mundo, segundo o ranking global da premiação Travellers Review Awards 2021, Minas precisa unir forças para garantir que esse importante setor econômico – que gera riqueza e empregos – continue sendo atrativo. E governo, empresários, sociedade e meios de comunicação devem abraçar essa causa. A Secretaria Estadual de Cultura e Turismo (Secult) lançou um programa chamado Reviva Minas. Desde maio, foram mais de 6 milhões de turistas no Estado – número maior que o registrado em período anterior à pandemia, segundo a pasta. Somente em agosto, mais de 2 milhões de turistas circularam em Minas Gerais e foram mais de 5.000 postos de trabalho ocupados. Em apenas três meses, o turismo movimentou no Estado mais de R$ 3,78 bilhões.
Além de campanhas publicitárias, que destacam os atrativos de Minas para os próprios mineiros, brasileiros e estrangeiros, o governo mineiro também está oferecendo linhas de crédito especiais para os setores de turismo e eventos. Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que o rombo no setor, entre março de 2020 e maio de 2021, foi de mais de R$ 31 bilhões. Esse número mostra o tamanho do nosso desafio – e sabemos que ele vai muito além do Carnaval. A mobilização deve continuar forte em 2022, salvando os empregos de qualidade que o turismo proporciona.
Texto originalmente publicado no jornal O Tempo em 27/12/2021