O fenômeno das chamadas fake news é um desafio global. Impulsionadas pela tecnologia, as notícias falsas representam um risco real à democracia e ao próprio senso de justiça. Podem afetar indelevelmente a reputação de indivíduos, empresas e instituições.
O perigo aumentou bastante com o uso combinado de poderosas ferramentas estatísticas, redes sociais e equipamentos de inteligência artificial geradores de imagens e sons idênticos à realidade.
Nos Estados Unidos, as investigações sobre a Cambridge Analytica evidenciaram plataformas subterrâneas capazes de influenciar eleitores. Em paralelo, gigantes online perceberam sua responsabilidade. Em 2018, o Facebook comprou anúncios de página inteira para um surpreendente mea-culpa. Já no fim de 2019, em um desdobramento de diretrizes mais severas adotadas para remoção de conteúdo falso, a companhia declarou haver excluído centenas de contas vinculadas a sites que criavam fotos falsas de perfil.
No Brasil, ainda imerso a elevadas doses de polarização, é preciso extrema vigilância ao longo deste 2020. Trata-se de ano eleitoral, contexto propício para a escalada de calúnias, injúrias e difamação.
O melhor antídoto é checar a origem do conteúdo, confirmando a veracidade das informações em fontes qualificadas. Não se trata, claro, de descartar o uso de aplicativos de mensagens e redes sociais, longe disso. São ferramentas que facilitam nossas vidas. Mas é essencial estar ao lado dos fatos e dados, evitando compartilhar qualquer coisa de origem duvidosa.
É por isso que o jornalismo profissional segue extremamente relevante. Uma evidência vem do próprio Facebook, que lançou em outubro sua seção de notícias após fechar parceria com The New York Times, The Washington Post e cerca de 200 veículos americanos.
Tudo isso mostra a credibilidade do jornalismo profissional, que acumula décadas de experiência em lidar com informações complexas de modo ético, rigoroso e responsável.
Democracias morrem quando não se tem uma imprensa livre. Nessa era de fake news, a verdade deve prevalecer, sempre. E a responsabilidade é de todos.
Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração, afiliada da TV Globo no Triângulo Mineiro
*Artigo originalmente publicado em 26.01.2020, na edição impressa e online do jornal O Globo (RJ) – O Globo