O ano de 2019 terminou com boas expectativas. A economia brasileira cresceu 0,6% no terceiro trimestre, a bolsa de valores acumulou valorização superior a 30% e, de acordo com analistas do mercado financeiro, o PIB em 2020 poderá ter uma alta de 2,28% (relatório Focus/Banco Central, de 23/12).
A esperança de dias melhores tem origem em sinais positivos. A aprovação da Reforma da Previdência foi um passo. E a eliminação de entraves — como a extinção da multa de 10% paga à União em caso de demissões — é uma mensagem importante para quem gera negócios.
O crescimento da economia, no entanto, ainda está longe do potencial do nosso País — a própria ata do Conselho de Política Monetária do Banco Central, por exemplo, diz que, embora a recuperação econômica tenha ganhado tração, “a economia segue operando com alto nível de ociosidade”.
Mesmo com as expectativas em alta, o nível de emprego vem se recuperando abaixo do desejável — e isso pode ser explicado pela massa de gente que, sem recursos, não conseguiu, durante a recessão, qualificar-se para a recolocação profissional. As empresas vêm procurando maximizar ganhos de produtividade com a força de trabalho existente dentro de casa antes de contratar sob um ambiente de capacidade ociosa nas indústrias .
O grande desafio, portanto, é criar e estimular o emprego.
Minas Gerais, felizmente, vem dando sinais de recuperação. Em outubro, o estado foi o que mais gerou postos de trabalho no Brasil: 12.282 novas vagas formais, segundo o Caged/Ministério da Economia. No total acumulado até outubro, Minas obteve saldo de 124.180 vagas.
Há outros indicadores relevantes. No primeiro semestre de 2019, as exportações de Minas somaram US$ 12,15 bilhões, alta de 4,3% sobre igual período de 2019 (US$ 11,65 bilhões). Somente Minas contribuiu no total com 30,4% do superávit brasileiro no período.
Ainda assim, os desafios são grandes. As contas do Estado sabidamente estão em frangalhos, o que exige soluções duras do governo do Estado.
É preciso mais projetos envolvendo governo, prefeituras e a iniciativa privada que favoreçam ainda mais as vocações mineiras. E elas são muitas — da agropecuária (com destaque para o café, especialmente da variedade arábica, mas também açúcar, leite, carnes, soja, milho e feijão) às indústrias extrativistas de minerais (que requerem os indispensáveis protocolos ambientais e de segurança) e a fabricação de automóveis, produtos siderúrgicos, cimento, produtos químicos e alimentícios; passando pelo setor de serviços, com a criatividade e talentos de mineiros egressos de nossas escolas e universidades.
É preciso, sobretudo, que a agenda de privatizações tome corpo e consigamos dar início à retomada da economia do Estado, de olho na Nova Economia para que possamos melhorar nossa produtividade. Será um ano de muito trabalho, mas 2020 tem tudo para ser um ano promissor.
Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais
*Artigo originalmente publicado em 08.01.2020, na edição impressa do jornal O Tempo (MG)