A sigla do momento é ESG.
Essas três letras (environmental, social and governance, em inglês) resumem um movimento no mercado mundial focado na observância de aspectos ambientais, sociais e de governança.
A temática despontou na Europa, ganhou corpo nos EUA e chegou aqui com força após a pandemia de Covid-19. “Empresa que não for ESG vai acabar”, decretou em junho o CEO da XP Investimentos, Guilherme Benchimol. “Olha que animal seria se as 5 mil maiores empresas do Brasil tivessem área ESG”, disse ele ao site Capital Reset.
Mas será que essa onda veio para ficar?
Ouso dizer que sim.
Muito além de uma roupa nova para o que antes se chamava de “Sustentabilidade”, o conceito ESG propõe uma metodologia: a coleta de dados precisos, completos e auditáveis, com métricas claras de desempenho e divulgação estruturada de resultados.
No exterior, esse processo já estimula a alta performance na adoção de boas condutas ambientais, sociais e de governança, muito além da excelência em resultados financeiros. Afinal, esses indicadores conferem grau de investimento.
Mas o que isso pode influenciar o Estado de Minas Gerais?
Seria o ESG apenas um cuidado circunscrito a empresas como Vale, Usiminas, Cemig, Magnesita, Localiza e Arezzo, para citar algumas das listadas no mercado de capitais?
Lógico que não.
Claro que inicialmente as maiores tendem a ser o alvo desse escrutínio dos fundos de investimentos e de estrangeiros interessados em ativos brasileiros.
É bom lembrar, no entanto, que a adoção de ESG avalia também a cadeia de fornecedores. E as condutas desses parceiros também serão decisivas nas avaliações.
Já existem fundos focados em buscar oportunidades de aportes em negócios com boas práticas ambientais, sociais e com excelência em governança. Empresas que tenham propósito, que não só visem o desempenho financeiro, mas que gerem valor para as comunidades e o entorno.
Além disso, mesmo para as empresas de pequeno e médio porte, faz todo sentido crescer com essa visão.
Fato é que o tema está quente na comunidade empresarial. No Reino Unido, a maior rede local de supermercados, a Tesco, pressiona o governo britânico a rastrear a cadeia de suprimentos de produtos importados, para garantir que todos esses alimentos e insumos não contribuam provoquem danos ambientais ou sociais.
Em julho, aqui no Brasil, executivos de 37 grandes empresas assinaram uma carta aberta ao governo em que pedem o combate ao desmatamento, a inserção das comunidades locais em políticas públicas e pacotes econômicos que respeitem soluções de baixo carbono.
Estamos sob a lupa internacional. Não se trata mais de política. É cada vez mais uma questão de business, vital para a sobrevivência do País e de Minas.