O que em 2020 parecia passageiro, ganhou tristes contornos em 2021. O coronavírus segue impactando severamente a saúde e a economia.
Com o agravamento da pandemia, as corporações precisam encontrar novas maneiras de manter as equipes motivadas, apesar das interações presenciais inexistentes ou escassas.
Nesse cenário, um valioso instrumento de gestão se faz ainda mais relevante: o feedback.
Repetir esse tema parece chover no molhado, mas colocá-lo em prática continua sendo um desafio para as companhias brasileiras. É o que mostra uma pesquisa realizada no ano passado pelo Grupo Talenses: 27% das organizações suspenderam avaliações formais na pandemia.
Outro levantamento, da FIA Employee Experience, aponta que um em cada cinco trabalhadores no País não recebe, de seus chefes, análises de desempenho.
Esses dados preocupam, pois é justamente neste período de distanciamento social que os empregados mais precisam de devolutivas. Eles querem saber se seu desempenho atinge as expectativas e esperam um direcionamento mais assertivo sobre os pontos de melhoria.
Oferecer esse tipo de retorno é uma responsabilidade intransferível. Cabe às lideranças promover o aprendizado e assumir a tarefa de incentivar o desenvolvimento do colaborador – tanto o profissional como pessoal.
Vale destacar mais um achado da pesquisa da FIA Employee Experience: o trabalhador brasileiro não só está aberto, mas quer receber esse tipo de avaliação.
De acordo com o levantamento, 88% disseram que um feedback construtivo pode contribuir para a melhora de suas carreiras. A sondagem contou com as respostas anônimas de mais de 150 mil funcionários de 300 empresas.
É fundamental que os gestores estejam disponíveis para falar com as equipes sobre tudo o que as preocupa. Isso pode envolver desde demandas/prazos a problemas que ultrapassam a fronteira do notebook nesses tempos de home office – família, assuntos domésticos, sinal de internet…
Dar um feedback nem sempre é fácil, é bem verdade. Principalmente quando há a necessidade de comunicar algum ajuste de rota ou exigir uma mudança de comportamento. Nessa hora, vale ser específico, mas evitar julgamentos e opiniões.
Colocar-se no lugar do outro é o primeiro passo. O gestor precisa entender a situação de cada pessoa de sua equipe – e lembrar que todos passamos por um momento sem precedentes.
Além de sugerir os pontos de melhoria, igualmente essencial é entender que o feedback está longe de ser um caminho de mão única. Saber ouvir e estar constantemente disponível para dialogar são requisitos indispensáveis no job description de um bom gestor.
Tampouco deve se restringir a uma avaliação periódica e individual ou de grupo. Não tem receita, mas, definitivamente, o mais importante é ser verdadeiro e incorporar esse precioso mecanismo de comunicação à rotina: elogiar uma solução criativa logo no início de uma reunião, por exemplo, não deixa de ser um ótimo feedback.
Vivemos momentos difíceis que, certamente, passarão, mas que podem ser mais leves desde que entendamos o nosso papel, não só como gestores ou empregados, mas também como pessoas.
Afinal, um período tão desafiador exige de todos nós empatia. E um crescimento verdadeiramente sustentável não existe sem as pessoas. São elas que ajudam a construir o resultado.