Atuando no segmento atacadista-distribuidor há 55 anos, uma das maiores empresas do setor,
o Arcom (originalmente chamada Armazém do Comércio) tem um faturamento aproximado de
R$ 2 bilhões, gera 1.600 empregos diretos e atende mais de 220 mil clientes em todo o País.
Por trás desses números e dessa história de sucesso está o empresário e empreendedor Dilson
Pereira. Nascido em Ituiutaba, interior de Minas Gerais, Dilson se mudou para Uberlândia ainda
criança e em 1965 deu os primeiros passos na fundação dessa gigante, abrindo a primeira sede
em um imóvel alugado de 200 metros quadrados. A sede atual mostra o tamanho da evolução
e tem uma área construída de 90 mil metros quadrados – quase 70% deles dedicados à de
área de armazenagem.
Trabalhando ao lado da família, Dilson ampliou o leque de negócios do grupo, apostando no
potencial de desenvolvimento de Uberlândia e região. O empresário mantém ainda empresas
como o Center Shopping, o Plaza Mercure Hotel e o Center Convention, um dos mais completos
centros de convenções da América Latina. Outros empreendimentos são a UBT, uma torre
corporativa com 16 mil metros quadrados classificada como “triple A” no segmento de locações
empresariais; e a Callink, que presta serviços de call center e é referência no setor.
Diante da pandemia da covid-19, o trabalho de companhias como o Arcom foi essencial para a
vida dos brasileiros, diz o empresário. Foi por meio desse serviço que muitos consumidores não
sofreram com falta de insumos básicos como produtos de alimentação, saúde e limpeza.
“Nesse cenário, a responsabilidade do atacado
distribuidor se multiplicou para manter a economia
rodando e a vida das pessoas dentro de uma
certa normalidade”,
afirma Dilson.
“Empreendedor nato, Dilson Pereira tem uma história admirável e inspiradora. Enfrentou todos os tipos de dificuldades e é um exemplo de empresário, de pai, marido e avô, além de um grande amigo”, comenta o CEO da Rede Integração, Rogério Nery de Siqueira Silva.
Nesta entrevista, o empresário conta sua história e de como foi construir o Arcom ao lado da família e de colaboradores. E reafirma sua crença não só no potencial de Minas Gerais, mas também do Brasil.
1 – Rogério Nery de Siqueira Silva – O ano de 2020 foi único para a economia mundial. Diante da pandemia de covid-19, muitos negócios tiveram que se reinventar, algumas lojas físicas tiveram que fechar temporariamente ou até encerraram os negócios e, por outro lado, o comércio online cresceu. Como foi para o Arcom lidar com esse ‘novo normal’?
Dilson Pereira – O Arcom, apesar de 2020, manteve seu ritmo de trabalho. Somos a solução logística da integração da indústria com o varejo. Quando falo varejo, lembro da atividade que abastece o consumidor final com produtos essenciais de alimentação, higiene, limpeza e saúde. Considero importante destacar o varejo no geral, inclusive o pequeno comerciante das pequenas cidades distantes dos grandes centros. Nesse cenário de pandemia, a responsabilidade do atacado distribuidor se multiplicou para manter a economia rodando e a vida das pessoas dentro de uma certa normalidade. Ou seja, o atacado teve uma atuação fundamental para as coisas continuarem funcionando. E, com isso, tivemos um ano muito positivo, com crescimento no faturamento e com margem positiva.
2 – Rogério Nery de Siqueira Silva – Diante desse cenário, que deve perdurar por um período ainda incerto, quais são os planos da empresa para 2021?
Dilson Pereira – A empresa está preparada e em constante adaptação para o que vier. Assim fizemos em 2020, assim será em 2021, e assim foi durante toda nossa história. Acreditamos muito no Brasil nesse momento, assim como sempre acreditamos.
3 – Rogério Nery de Siqueira Silva – O Arcom é uma empresa consolidada, uma das maiores do setor, com 55 anos de história. O senhor fundou a companhia em 1965, em um galpão de 200 metros quadrados. Gostaria que o senhor contasse um pouco da sua trajetória até o momento em que fundou o negócio e o que o motivou a colocar este sonho de pé. Além disso, olhando em retrospecto, quais lições daquele começo que o senhor ainda aplica no dia-a-dia?
Dilson Pereira – Eu nasci em uma família humilde, comecei a trabalhar desde pequeno e descobri minha vocação para o comércio. Comprei e vendi mercadorias até dar início ao Armazém do Comércio, em 1965. Eu não esperava que chegaria tão longe! Nestes 55 anos, tive o apoio da minha família, principalmente da minha esposa e dos meus filhos, que sempre estiveram ao meu lado nessa jornada. Olhando para trás, uma lição que trago comigo e recomendo aos novos empreendedores é a valorização dos colaboradores, não somente na questão financeira, mas principalmente trazendo o aspecto humano para a cultura da empresa. Assim como sempre tive minha família próxima, na vida pessoal e nos negócios, ter a proximidade real com os colaboradores fez muita diferença no desenvolvimento do Arcom.
4 – Rogério Nery de Siqueira Silva – Atualmente, o senhor administra uma companhia de números grandiosos, que conta com capacidade de 62 mil metros cúbicos de armazenamento em Uberlândia, centros de distribuição avançados no Rio de Janeiro e em São Paulo, atendendo mais de 220 mil clientes. Em termos de gestão, quais foram os fatores que explicam esse crescimento ao longo das décadas e como foi se adaptar às mudanças conjunturais e tecnológicas?
Dilson Pereira – Tudo isso é fruto de muito, muito, muito trabalho, confiança no País, na empresa e nas pessoas que trabalham conosco. Muitas mudanças ocorreram nestas quase seis décadas, e nossa empresa vem se modernizando, aproveitando as tecnologias e principalmente melhorando nossa produtividade, mas com o foco na melhor prestação de serviço para os nossos clientes e procurando sempre fazer as coisas de forma mais simples e eficiente. Isso tudo aliado à presença da família trouxe o resultado. E o resultado foi o que deu força e energia para seguir em frente.
5 – Rogério Nery de Siqueira Silva – Mais do que uma companhia de atacado, o Arcom tem também
outras frentes de negócios em Uberlândia, como o Center Convention Uberlândia, o Uberlândia
Business Tower, o hotel Mercure, além da EPS Empreendimentos – que tem o segundo maior
shopping de Minas e se associou ao grupo BRMalls –, e uma empresa de call center, a Callink.
Por que foram escolhidas essas frentes de negócios e como administrar um leque tão diversificado
de empresas?
Dilson Pereira – Com o crescimento do Arcom, novas oportunidades de negócio foram surgindo.
Sempre nos preocupamos em contribuir com o desenvolvimento da nossa cidade e região, e nossos
investimentos em novos negócios foram feitos aqui. O primeiro grande empreendimento foi o Center
Shopping, que passou por várias expansões, até a parceria com a BRMalls, e dentro do nosso
planejamento, de criar um complexo que integrasse um centro comercial com turismo de negócios e
eventos, vieram o Plaza Mercure Hotel, o Center Convention, o UBT (Uberlândia Business Tower) e em
breve lançaremos o Center Office, um novo e moderno espaço para escritórios. E a Callink, que já é uma
das maiores empresas de contact center do Brasil, traz juntamente com os demais empreendimentos
um interessante movimento para todo o complexo.
6 – Rogério Nery de Siqueira Silva – Diante de tantos negócios diferentes, e de uma carreira
absolutamente bem-sucedida, gostaria de saber: o senhor está sempre em busca de um novo
desafio? O que o motiva?
Dilson Pereira – Os desafios nós enfrentamos com motivação e vamos sempre em frente! O que me
motiva é a união da minha família e a satisfação dos colaboradores. Com isso, mantemos as coisas no
rumo, expandimos e diversificamos. Eu sou um empreendedor e tenho muito prazer em realizar novos
projetos. E eu tenho a felicidade de ver meus filhos e netos trilhando este caminho do empreendedorismo. Quando vejo os milhares de empregos diretos e indiretos que nossas empresas geram, fico muito feliz e motivado a realizar cada vez mais!
7 – Rogério Nery de Siqueira Silva – A empresa é uma gigante do setor, mas tem uma cultura familiar forte. Seus filhos estão com o senhor nos negócios. Como é administrar família e negócios ao mesmo tempo? Já pensa na questão da formação de novas lideranças e sucessão familiar?
Dilson Pereira – Tendo harmonia, amor e respeito, a família vai manter e prosperar nos negócios, não tenho dúvidas disso. Quanto à sucessão, confio totalmente na competência e formação de meus filhos e netos. Seguiremos atuando juntos, unidos em casa e trabalhando em equipe nas empresas.
8 – Rogério Nery de Siqueira Silva – Voltando à questão da pandemia, em toda a sua carreira, como um empresário no Brasil, o senhor já enfrentou outras crises e períodos de dificuldade na economia. Que lições ficaram desses momentos e como superar essas fases?
Dilson Pereira – Já vivi situações piores em vários outros momentos da História. As dificuldades e desafios fizeram parte da minha vida como empresário brasileiro. Confio no país e no nosso governo com ou sem pandemia. Passamos por esse momento sem desempregar ninguém e me orgulho muito disso.
9 – Rogério Nery de Siqueira Silva – Muitos empresários defendem o avanço de uma profunda reforma tributária. No seu entendimento, essa é uma das agendas prioritárias para o crescimento da economia brasileira. O que pode melhorar em relação ao regime tributário atual?
Dilson Pereira – Sem dúvida é prioritária. Na minha opinião, a prioridade número um. Precisamos simplificar e desburocratizar o sistema tributário brasileiro para incentivar o empreendedorismo. Essa é a melhor maneira de gerar emprego e renda.
10 – Rogério Nery de Siqueira Silva – Em um dos vídeos que conta a história da companhia, chama a atenção uma frase que diz que “construir uma história empreendedora é mais que solidificar um negócio, é deixar um legado de princípios e virtudes para gerações futuras.”. Qual o legado que o Arcom quer deixar?
Dilson Pereira – Do “nada” é possível chegar aonde eu cheguei.. Minha mensagem é que, com respeito à família, aos colaboradores e às leis, é possível atingir o sucesso. Mas é claro que isso só virá como fruto de muito trabalho, seriedade, responsabilidade e honestidade. Hoje me considero um empreendedor de sucesso graças à minha esposa, Marlene, e aos meus filhos e suas famílias.