Quando se pensa em Mariana Rios, qual a primeira imagem que vem à cabeça?
A da cantora, que começou no interior de Minas Gerais? A da atriz, que despontou na novela
teen Malhação? A da apresentadora, que dividiu a condução do programa The Voice Brasil?
Ou a da influencer digital, que acumula milhões de seguidores?
Mariana é tudo isso.
Nascida em 4 de julho de 1985, a mineira de Araxá iniciou sua carreira artística aos 7 anos
de idade, cantando em jingles. Ainda em Minas, passou a se apresentar em bares e
participou de festivais de música.
Em 2004, aos 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro e no ano seguinte atuou nos
musicais Tipos e Aldeia dos Ventos, ambos dirigidos pelo cantor Oswaldo Montenegro – com
quem gravou três DVDs.
Sua estreia na TV Globo veio com a personagem Yasmin em Malhação (2008), que lhe rendeu
o prêmio de atriz revelação para Melhores do Ano (Domingão do Faustão) e Capricho Awards,
e melhor atriz para o Prêmio Jovem Brasileiro.
Ainda na Globo, nos anos 2010/11 interpretou a vilã Nancy na novela ‘Araguaia’, de Walter
Negrão. Em 2012/13, fez a personagem Drika em ‘Salve Jorge’, de Glória Perez. E em 2014
foi a vez da professora Celina em ‘Além do Horizonte’, dos autores Carlos Gregório e
Marcos Bernstein.
Apresentou o The Voice Brasil por três anos seguidos (2016-18) ao lado de Tiago Leifert.
Em 2017 participou do programa Pop Star. Recolocando o foco na carreira musical, lançou
em 2019 o álbum “Eu e Você”, com quatro faixas autorais, e, ainda antes da pandemia, fez
uma turnê pelo Brasil, além de dedicar-se ao seu projeto acústico, em que se apresenta
acompanhada de violoncelo e piano.
Nessa entrevista, Mariana diz que sempre trabalhou muito.
“Acredito que todo esse esforço me fez ter consciência
de que um dia você está por cima, no outro pode não
estar mais. A vida é uma montanha russa e por isso, hoje mais do que nunca, minha busca é por dias felizes! Momentos de alegria! Então todas as minhas escolhas pessoais e profissionais, giram em torno disso”, diz ela.
Para Rogério Nery Siqueira Silva, Mariana é uma profissional versátil e dedicada. “Eu a conheci em Araxá, eu um evento da TV. Mariana é muito talentosa e tem potencial para ir muito mais longe”, diz ele.
Nessa entrevista, a atriz e cantora reflete sobre o impacto da pandemia e diz que a experiência de morar sozinha em Uberaba, dos 17 aos 18 anos, foi essencial para a sua carreira.
Leia a entrevista completa.
1 – Rogério Nery – Muitos falaram que durante a pandemia, com o isolamento, seria a oportunidade de aprender alguma coisa. Que aprendizados (dos mais práticos aos mais espirituais) você vem tirando desse período difícil?
Mariana Rios – Usei esse tempo para me conectar com meu interior. Busquei estudar piano e voz com mais disciplina, já que não tinha tempo por conta da correria do dia a dia. Tenho lido muito, meditado e posso dizer que me transformei como pessoa.
2 – Rogério Nery – Esse período sem shows tem sido muito duro para músicos e artistas que vivem do palco. De tudo o que você tem acompanhado, ao longo desses meses, a solidariedade aumentou entre a classe? As lives têm sido suficientes?
Mariana Rios – Senti que a maioria dos artistas buscaram se engajar em causas nobres e ajudar. Acredito que tudo acontece para o nosso bem. E tivemos a oportunidade de abrir os olhos diante daquilo que realmente importa na vida. Olhar para o outro é essencial. Principalmente durante as dificuldades.
3 – Rogério Nery – Para muitos, a vida artística passa uma certa imagem de superficialidade, como se tudo fosse fácil e prazeroso. Mas a gente sabe que os holofotes não chegam nem perduram sem muito trabalho e dedicação. Qual é a lembrança, na sua carreira, em que você se sentiu exigida até o limite?
Mariana Rios – Acho que existe uma utopia das pessoas em relação ao artista. A fantasia de uma vida “perfeita”. Sempre busquei passar o que sou de fato para todos. Acredito que passamos pelos mesmos problemas, dificuldades e questões durante a vida, e o que difere uma pessoa da outra é justamente a maneira que cada um escolhe enfrentar cada provação enviada. Minha família é meu alicerce. Meus pais sempre me ajudaram a manter os pés no chão e a cabeça no lugar. No final do dia, somos todos iguais! Batalhando pelos nossos sonhos e desejos! Sempre trabalhei muito e enfrentei dificuldades enormes. Acredito que todo esse esforço me fez ter consciência de que um dia você está por cima, no outro pode não estar mais. A vida é uma montanha russa e, por isso, hoje mais do que nunca, minha busca é por dias felizes! Momentos de alegria! Então, todas as minhas escolhas, pessoais e profissionais, giram em torno disso.
4 – Rogério Nery – Seu perfil no Instagram conta com 7,9 milhões de seguidores (em 20.08). Qual é a importância que você atribui ao relacionamento com o público nesses canais? Como você lida com essa persona no ambiente digital? É um processo mais intuitivo, individual, ou há uma visão estratégica no gerenciamento dessa face de sua carreira?
Mariana Rios – Eu cuido das minhas redes! Nelas sou eu, não um personagem. Faço questão de dividir com as pessoas meus pensamentos, minhas dificuldades, acertos e erros. E procuro tomar muito cuidado ao dar a minha opinião, pois sei que de alguma forma acabo influenciando muita gente. Só existe um de você no mundo. Então, procure ser sempre sua melhor versão.
5 – Rogério Nery – Você teve a oportunidade de trabalhar em um musical reescrito por Miguel Falabella, “Memórias de Um Gigolô”, e de ser produzida por um Midas da música brasileira como Rick Bonadio. Como foi a experiência de trabalhar com eles? Que dicas você aprendeu que carregou para a sua carreira? E que outras personalidades te inspiraram?
Mariana Rios – Trabalhar com Miguel e tê-lo como amigo é uma dádiva! Ele, além de um grande artista, é um ser amoroso, educado e muito generoso! Uma pessoa única! Com Rick tive a oportunidade de gravar duas músicas que amo de paixão. Conheço o Rick há anos e sempre admirei muito o trabalho dele! Acho que ele é um cara fantástico, cheio de ideias e muito talentoso. Não é à toa que ele produziu algumas das maiores bandas do País. Muitos artistas me inspiram. Não só pelo talento, mas pelo jeito que conduzem suas carreiras e vidas. Pela forma como tratam as pessoas e lidam com o sucesso. Tenho verdadeira admiração pelo querido Ary Fontoura. Lulu Santos e Carlinhos Brown, que tive a oportunidade de trabalhar ao lado durante três anos. E tantos outros que me inspiram diariamente.
6 – Rogério Nery – Você começou a cantar aos sete anos. Quais as recordações mais marcantes que você mantém desse período entre a infância e a juventude antes de se tornar uma cantora profissional?
Mariana Rios – Comecei muito nova! Mas sempre soube do meu maior sonho. Então, agarrei com seriedade todas as oportunidades que tive. Eu sempre acreditei que o que você deseja, você conquista. Não importa quanto tempo precise esperar, uma hora do sonho se realiza. Sou grata por tudo que vivi! Por começar a cantar aos 7 anos e ter a companhia dos meus pais em cada show, cada ensaio com a banda. Por eles acreditarem em mim do mesmo jeito que sempre acreditei. Fiz shows em bares e festas até os meus 22 anos quando entrei em Malhação. Ainda na novela gravei meu primeiro disco e nunca deixei de lado os palcos. Tenho paixão pela música.
7 – Rogério Nery – Poucos brasileiros cantam com tanta perfeição em inglês como você — “Reach Me” e “You And I” provam essa habilidade. Ampliar as fronteiras é um desafio na sua carreira? Não só como cantora, mas como atriz, em séries e filmes internacionais? Enquanto isso, voltar às novelas está nos planos?
Mariana Rios – Engraçado que nunca fez parte dos meus planos ter uma carreira fora do Brasil! Não tenho esse sonho, para falar a verdade. Eu sou compositora, mas acredito ser mais intérprete do que qualquer outra coisa. Gosto de músicas que mexem comigo e conversam com minha alma. Não importa qual língua são cantadas. Acredito que música boa é boa e ponto. Quando vou compor, eu crio uma letra sem pé nem cabeça, na maioria das vezes em inglês. Às vezes uso até palavras que não existem (risos). Não me pergunte o porquê! Sempre foi isso. Depois que a melodia está pronta, faço a letra com calma.
8 – Rogério Nery – Seu primeiro álbum, pela Som Livre, em 2009, vendeu 300 mil cópias. Ainda se vivia a era do CD. A relação de consumo das pessoas com a música mudou completamente com o live streaming e apps como o Spotify e a evolução do YouTube como mídia. De que modo essa transformação da indústria influenciou no seu modo de sentir e pensar sua produção musical?
Mariana Rios – Não tem um dia que não pense sobre todas essas mudanças. Me preocupo se, às vezes, a forma de compor e lançar música não banalizou. Se as músicas de hoje serão lembradas daqui 30, 40 anos. Ao mesmo tempo, toda essa globalização e facilidade de ter as canções no momento em que desejar, e não esperar o CD chegar nas lojas, é algo muito bom. Não que não fosse legal o frio na barriga e a expectativa de aguardar a tão sonhada fita e o CD pra colocar no som.
9 – Rogério Nery – Você nasceu em Araxá e passou parte de sua vida em Uberaba, mas ainda jovem seguiu para o Rio de Janeiro e hoje vive em São Paulo. O que você absorveu desses grandes centros e o que você conserva de mineira do interior?
Mariana Rios – Vivi 17 anos em Araxá e acredito que um ano em Uberaba longe da minha família, foi a preparação para minha mudança para o Rio. Eu sempre fui muito grudada na minha mãe. Por isso, estar dos 17 anos aos 18 morando sozinha em Uberaba, foi essencial. Não me vejo mais morando em uma cidade pequena. Gosto de estar em SP, da rapidez como as coisas acontecem. Gosto do trânsito, das opções, e da loucura de uma cidade grande. Mas voltar e passar uns dias ao lado da família e amigos, comendo pão de queijo e a comidinha do interior, não tem preço! Tudo é equilíbrio. Acredito muito nisso! Eu amo quando estou em Araxá, mas também amo minha vida na cidade grande!
10 – Rogério Nery – Como você vê o mundo após essa etapa? Apesar de toda a dor pelas perdas irrecuperáveis de tantas pessoas, é um dever nosso celebrar a vida, acordar e tentar fazer o melhor possível?
Mariana Rios – Partindo do princípio de que estamos aqui somente para evoluir, acredito que todas as dificuldades, as perdas, são para o nosso bem. Aprendemos muito no amor, mas a dor nos faz crescer e valorizar determinadas coisas que as vezes passaram desapercebidas pelos nossos olhos. Acho que tivemos a oportunidade de enxergar de fato, o valor que tem a vida e o tempo. Espero que a mudança interior nas pessoas durante esse tempo, reflita nos valores e nas escolhas de agora em diante. Um dia todos nós vamos nos despedir daqueles que amamos, e, também, chegará nossa hora de partir! Saibamos então, valorizar a vida que é tão preciosa! Vale a pena viver cada dia!