O início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil representou um imenso sopro de esperança para um Brasil duramente afetado pelos impactos sanitários da pandemia.
Todo o mundo, em maior ou menor grau, tem vivido esse drama. Quase todos conhecem alguém que já tenha passado pelo susto de ser contaminado, tenha ficado doente, tenha sido internado ou algo mais triste.
E, além do abalo na saúde, a economia também sofreu. Esses efeitos foram atenuados com o auxílio emergencial, bem como as medidas de flexibilização, especialmente a partir de julho. No terceiro trimestre de 2020 vimos sinais de recuperação no Produto Interno Bruto (PIB), com alta de 7,7% na comparação com os dados do segundo trimestre, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em Minas, em 2021, o avanço no PIB no Estado poderá chegar a 3,6% no PIB, com uma alta de 6% na indústria, segundo a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG).
São números que permitem uma expectativa razoável, mas, com o recrudescimento dos níveis de contaminação em escala global, decorrentes da nova cepa do vírus, temos visto um aumento do número de infecções e mortes na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil.
Portanto, ainda é difícil cravar que tenhamos um crescimento consistente em V.
Sem o aditivo do auxílio emergencial, o cenário aumenta a responsabilidade do governo federal e dos governos estaduais em relação à vacinação.
Não podemos viver com autoengano. Sem que se acelere, de forma organizada, o Plano Nacional de Imunização, não haverá uma retomada consistente da atividade econômica.
Investimentos dependem de previsibilidade. E essa perspectiva de retomada econômica só estará mais clara quando houver plena segurança para reunir familiares, amigos, colegas e parceiros profissionais. São as pessoas que movem a economia. Para isso, precisaremos de mais vacinas. Boa parte dos esforços deve estar direcionada para esse objetivo.
Um exemplo de como a vacinação pode dar resultado vem dos Estados Unidos, onde as aplicações iniciais, focadas na população idosa em casas de repouso, foram suficientes para obter impactos relevantes nos números de internações, invertendo a curva de hospitalizações, segundo análise do banco de investimentos Goldman Sachs.
É o que esperamos no Brasil.
Quanto mais cedo houver uma vacinação em massa, mais cedo teremos a recuperação da economia e dos empregos.
Para isso, é preciso confiar não só na ciência, chancelada por instituições centenárias e de credibilidade como Fiocruz e Instituto Butantan, mas na mídia profissional, que vem cumprindo seu papel de levar informação precisa a todos.
*Publicado originalmente em O Tempo (MG) em 30.01.2021